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São Micael e o Mal (Simone S. Thiago)

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Simone S. Thiago
 
Esta é a história de como São Micael ficou conhecido como guerreiro valente e destemido. Ele, representando o Bem, imbuído de coragem e fé, vence o Mal (aqui representado por Satanás que, em outras histórias toma a forma de dragão). Não devemos pensar que isto é mera fantasia. Desde os princípios da Humanidade houve esta luta entre o Bem e o Mal, entre Luz e Trevas – não somente fora do homem no seu ambiente, mas principalmente dentro do próprio homem. O homem que busca a Verdade muitas lutas precisa travar consigo próprio e não raro é destas lutas que vemos surgir as mais lindas histórias — são o colorido da história da humanidade — afinal, as cores também são manifestações de “luta” entre as trevas e a luz.
Se tomarmos Micael como exemplo, nos tornaremos guerreiros. Mas Micael, muito mais que um guerreiro valente, nos traz uma nova perspectiva: a da consciência. Porque vivemos numa época extremamente materialista e difícil, precisamos saber exatamente contra o que estamos lutando, com que “armas” e para quê.
Se a imagem de Micael ou cavaleiros inspirados por ele nos falam da coragem, da fé e do agir consciente, devemos agora pensar o que nos fala a imagem do dragão.
Aonde encontramos os ‘dragões’ modernos? Seria muito inocente pensar somente em Bem e Mal, puros e personalizados. A nossa questão aqui vai mais longe: os dragões estão à toda parte, dentro e fora do homem.
Enquanto fora, podemos encontrá-los nas relações competitivas, na falta de tempo, nas discriminações sociais e raciais, no dinheiro que compra tudo, no trabalho desvalorizado, nas máquinas, nos agrotóxicos e em tudo o mais que torna o homem um ser pequeno e sem vontade própria.
Dentro do homem vivem “dragões” que nem sempre se manifestam claramente, mas que existem: são o egoísmo, a vaidade, o orgulho, o pretencionismo, a ganância, a gula, o medo, a covardia, a sordidez, a hipocrisia, o masoquismo e tudo o mais que desqualifica a alma humana, distanciando-a da Grandeza de Deus.
Lutar com estes “dragões” é, por assim dizer, a “sina” do homem moderno. Ê preciso viver na sociedade moderna, com ou sem os recursos necessários. Mas, por mais problemas que tenhamos de enfrentar diariamente é preciso viver! Então, que vivamos dignamente, corajosamente, esperançosamente!
Rudolf Steiner disse que para a “época da consciência” (a que vivemos) não se deve pensar em matar o dragão, o que significa aniquilar os problemas ou afastá-los ou fingir que não existem; é preciso dominá-lo, subjugá-lo à nossa vontade, porque o homem é um ser possuidor de Vontade, e só na medida em que ele souber fazer uso dela é que poderá crescer espiritualmente.
Assim podemos ver que todas estas histórias de dragão, São Micael, príncipes e princesas não têm só a ver com crianças. Estas imagens muito mais têm a dizer aos adultos, que precisam reaprender a ter coragem e fé nos desígnios celestes.
E afinal, como as crianças reagem a estas imagens? Com muito entusiasmo e até certo fascínio. Quando estes conteúdos são trazidos na roda rítmica ou na história vemos aparecer situações diversas onde diferentes tipos de sentimentos e reações vêm à tona: As crianças vivem o papel do dragão com naturalidade, porque o mal, para elas, é aceito como é. Ser a princesa proporciona situação de fragilidade e idealismo, pois é ela quem inspira coragem ao príncipe. O príncipe, por vontade própria, se oferece ao rei para salvá-la. (ele é a imagem da força bem direcionada).
Claro que para as crianças, tudo se passa como uma brincadeira (entendendo que brincadeira é coisa séria!). É muito comum observarmos as crianças montadas em um touro valente (as vezes um cabo de vassoura ou outra criança) com sua espada poderosa (um pequeno galho encontrado no chão), enfrentando os dragões(outra criança ou objeto). Permitir essa vivência às crianças é muito importante. As crianças estão aprendendo sobre coragem e fé — dois sentimentos básicos para que o homem possa cumprir seu destino.
E porque é tão importante “falar” disto às crianças? Porque, assim, através das imagens estaremos alimentando suas almas com os conteúdos que lhe darão forças para enfrentar o mundo presente. O adulto não é capaz de dar respostas a tudo o que acontece (pelo menos respostas que atinem com as perguntas das crianças), mas ele precisa de alguma forma fazer crer que em algum lugar as respostas existem; que o homem, afinal, não é só um ser pensante e andarilho, mas que há grandeza e sabedoria em tudo o que diz respeito ao homem.
Assim, cultivando a serenidade, a coragem, a confiança e a fé certamente colheremos melhores frutos no futuro!!!
Para terminar, recorro às palavras de D. Leonore Bertalot:
E nós adultos? Fazemos as perguntas que nos levam ao domínio que almejamos? Que força podemos receber da época micaélica?
O que devemos vencer em nós, para que possamos ser conscientes dos nossos atos, senhores de nós mesmos, sem medo, porque confiamos em nós? O dragão que devemos vencer em nós é a preguiça de pensar o difícil, o medo do desconhecido, a falta de seriedade para com aquilo que é o mais sagrado no homem.
Não é isto que compete ao homem moderno: - achar em si as forças para controlar a situação? Estamos no meio de graves problemas que ameaçam engolir-nos. A espada que vencerá será a CONSCIÊNCIA, a capacidade de agir conscientemente na hora certa. Cada um de nós é chamado a participar na luta para a Dignidade Humana, ou seja, a luta do humano contra o sub-humano. O chamado Micaélico do nosso tempo é:
 “ILUMINE PELAS FORÇAS DO PENSAR O QUE FICOU ESCURO, NÃO TE DEIXES ENGANAR POR AQUELES QUE QUEREM DOMINAR-TE E SERÁS SENHOR DO TEU DESTINO”.


(extraído da publicação Cotovia, da Prefeitura de Atibaia – Ano I nº 03 – agosto/2006)